Serração da Velha
A meados da quaresma na aldeia do vale, imperiosamente à quarta-feira à noite, a rapaziada juntava-se nas alminhas a fim de serrar a velha, precisamente neste lugar, organizavam-se vários grupos, da qual, cada um tinha uma missão a desempenhar, uns iam buscar lenha, outros faziam a velha de terra, subiam aos montes para ir pulhar, roubavam galos e galinhas ou mesmo coelhos, deslocalizavam os vazos de flores das varandas e exclusive as cuecas das raparigas que ficaram nos estendais por recolher, para enfeitar a velha de terra, e homens prontos a tocar o sino na hora solicitada.
Iam “provoar” para dois montes, um de nome murtal e outro o são Bento, com o objetivo de “pulhar” na vida de alguém, principalmente quem eles tinham de ponta. Cada um dos grupos levava consigo duas telhas de canudo, que auxilia ao aumento expressivo da voz, onde se linguarejava sobre a velha que tão malévola era, ou da menina imaculada que era o brilho do olhar dos rapazes.
A fogueira era um uso frequente nesta aldeia, seria como um acompanhante para estes rapazes na noite gélida e sombria, existindo uma fogueira era motivo de festejo. Da qual os galos, as galinhas e coelhos seriam a vitimas mais diretas, deveriam de ser os mais corpulentos da capoeira, e seriam principalmente pilhados a quem se gabava-se que era quase impossível conseguir tal feito.
A lenha, já se sabia onde ela estava pronta a ser caçada.
No monte, e no sossego da noite, esperava-se a conclusão da velha de terra, e já pulhado quem eles pretendiam, estaria preste a dar-se o inicio ao verdadeiro teor da serração da velha, ia-se anunciar a sua morte. Num dos montes um dos grupos dava inicio falando num tom temeroso - "Ó irmão a avó já morreu", e do outro monte respondia-se de igual forma com uma expressão assombrada - nãooooo, passado algum tempo ouvia-se pela segunda vez a mesma coisa, após mais alguns breves momentos e já estando completo o processo de finalização da velha é informado aos grupos dos montes o seu termo, e pela terceira vez ouvia-se - "Ó irmão a avó já morreu", e do outro monte ripostava - "já morreu", após dar-se a noticia da sua morte os vários grupos começavam a chorar e a gritar - " ai a avó já morreu", o grupo que estava junto da capela, começava a tocar o sino dando sinais de morte, ainda hoje é desta forma que se anuncia a morte de alguém que é ou seria da aldeia do Vale. Este sinais são dados pelo badalo do sino de uma forma lenta e extremamente arrepiante.
Estava cumprido mais um ano de tradição era hora de comemorar, a fogueira de lume alto que iluminada a fonte e o seu envolvente estava pronta a receber os animais prontamente preparados e a serem lançados ao calor. O vinho que cuidadosamente era trazido em barris de barro já bebia-se pois as suas gargantas estava sequiosa de tanto clamar. A felicidade pairava nos corações destes rapazes é facto, mas também de quem auscultara.
Entre as três e a cinco horas da manhã, os rapazes iam regressando às suas casas, pois, o sol estava preste a eclodir e um novo dia de trabalho estava pela frente, muitos deles dormiam nos palheiros no seio da palha, as famílias eram numerosas e não havia espaço para todos, principalmente para os rapazes.
Uma vida difícil cheia de dissabores de trabalho árduo de sol a sol, mas que sublime devia ser viver nesta altura, longe das preocupações que a vida atual de nos dá, era uma vida pobre, de poucos recursos é um facto, mas longe do stress que hoje vivemos e sentimos, desta correria que nem nos damos conta do amanhã, dos valores da vida, da família e do amor, enfim como diz o velho ditado, ser pobre mas feliz.
Iam “provoar” para dois montes, um de nome murtal e outro o são Bento, com o objetivo de “pulhar” na vida de alguém, principalmente quem eles tinham de ponta. Cada um dos grupos levava consigo duas telhas de canudo, que auxilia ao aumento expressivo da voz, onde se linguarejava sobre a velha que tão malévola era, ou da menina imaculada que era o brilho do olhar dos rapazes.
A fogueira era um uso frequente nesta aldeia, seria como um acompanhante para estes rapazes na noite gélida e sombria, existindo uma fogueira era motivo de festejo. Da qual os galos, as galinhas e coelhos seriam a vitimas mais diretas, deveriam de ser os mais corpulentos da capoeira, e seriam principalmente pilhados a quem se gabava-se que era quase impossível conseguir tal feito.
A lenha, já se sabia onde ela estava pronta a ser caçada.
No monte, e no sossego da noite, esperava-se a conclusão da velha de terra, e já pulhado quem eles pretendiam, estaria preste a dar-se o inicio ao verdadeiro teor da serração da velha, ia-se anunciar a sua morte. Num dos montes um dos grupos dava inicio falando num tom temeroso - "Ó irmão a avó já morreu", e do outro monte respondia-se de igual forma com uma expressão assombrada - nãooooo, passado algum tempo ouvia-se pela segunda vez a mesma coisa, após mais alguns breves momentos e já estando completo o processo de finalização da velha é informado aos grupos dos montes o seu termo, e pela terceira vez ouvia-se - "Ó irmão a avó já morreu", e do outro monte ripostava - "já morreu", após dar-se a noticia da sua morte os vários grupos começavam a chorar e a gritar - " ai a avó já morreu", o grupo que estava junto da capela, começava a tocar o sino dando sinais de morte, ainda hoje é desta forma que se anuncia a morte de alguém que é ou seria da aldeia do Vale. Este sinais são dados pelo badalo do sino de uma forma lenta e extremamente arrepiante.
Estava cumprido mais um ano de tradição era hora de comemorar, a fogueira de lume alto que iluminada a fonte e o seu envolvente estava pronta a receber os animais prontamente preparados e a serem lançados ao calor. O vinho que cuidadosamente era trazido em barris de barro já bebia-se pois as suas gargantas estava sequiosa de tanto clamar. A felicidade pairava nos corações destes rapazes é facto, mas também de quem auscultara.
Entre as três e a cinco horas da manhã, os rapazes iam regressando às suas casas, pois, o sol estava preste a eclodir e um novo dia de trabalho estava pela frente, muitos deles dormiam nos palheiros no seio da palha, as famílias eram numerosas e não havia espaço para todos, principalmente para os rapazes.
Uma vida difícil cheia de dissabores de trabalho árduo de sol a sol, mas que sublime devia ser viver nesta altura, longe das preocupações que a vida atual de nos dá, era uma vida pobre, de poucos recursos é um facto, mas longe do stress que hoje vivemos e sentimos, desta correria que nem nos damos conta do amanhã, dos valores da vida, da família e do amor, enfim como diz o velho ditado, ser pobre mas feliz.